2 de set. de 2010

Aloísio Resende



Tudo sobre Aloísio Resende
Nesse trabalho eu participei como estagiária voluntária dando o melhor de mim.
Meu primeiro contato com a história de Aloísio Resende foi em março de 1992, por intermédio do escritor Alberto Boaventura que se encontrava no leito de morte. Falava pouco, baixo e rouco. Parecia que lhe faltava o ar. Em inúmeras visitas, até o seu desencarne no dia 10 de maio de 1992, ele falou sobre a sua biblioteca particular, “Biblioteca Aloísio Resende” e em especial sobre Aloísio. Ofereceu-me vários obras de sua autoria: Dislates, Cronifatos, setentamos, Conflitos, Poetas feirenses e Poesias de Aloísio Resende, os dois últimos continham poemas de Aloísio.
Na década de 90 algumas professoras da UEFS, entre elas Ana Angélica – pessoa que hoje tenho grande estima e agradeço por sua amizade que me honra muito – estavam empenhadas em organizar um projeto que culminaria num livro sobre Aloísio Resende. Logo me interessei e procurei me engajar como bolsista. Empenhei tempo, dinheiro e esforço em juntar o mais que eu pudesse para compor aquele livro. Fiz algumas solicitações às professoras/organizadoras, mas que não foram ouvidas, pois eu achava importante falar do poeta e escritor Alberto Boaventura que tinha a única foto de Aloísio Resende na sua biblioteca, que foi o primeiro a juntar e publicar os poemas de Resende, além de tê-lo conhecido pessoalmente, mas as professoras não deram importância. Outra atitude que me deixou estremecida com as professoras/organizadoras foi quando fui conferir a lista das bolsistas e meu nome não estava lá. Então não fui aprovada? Responderam que a minha proposta não tinha sido assinada por nenhuma das três professoras. Fiquei muito triste, mas não fui tomar satisfação não. Continuei pesquisando
A maior parte das pesquisas que contem no livro é minha, e outras que não contem no livro porque não as entreguei, como o depoimento da irmã de criação de Resende que o leitor verá a seguir. Passei dias no cemitério em busca do túmulo de Aloísio junto com o coveiro, mas não encontramos. O coveiro anterior morava em Tiquaruçu, fui até a casa dele, mas ele havia morrido. Fui em busca de outro coveiro da época, em Caldas do Jorro, mas esse havia embora para São Paulo. Fui à busca da certidão de nascimento de Resende e descobri que ele próprio foi no cartório com testemunha pouco tempo antes de morrer para obter a sua própria certidão e requeri uma segunda via. Fui em busca do livro de óbito e encontrei na Casa de Saúde Santana o livro de óbito e as informações que eu queria. Pesquisei no arquivo do Jornal Folha do Norte com autorização de Dr. Hugo Navarro, horas, dias, meses a fio, metida entre poeira, ácaros e aranhas para consegui material para o livro. Eu me empenhei com tanto afinco que cheguei até irmã de criação de Aloísio Resende. Encontrei amigos etc e tal. Quase tudo foi entregue as professoras e só não entreguei tudo porque a Cristiane era de uma grosseria insuportável.
O texto abaixo (em itálico) foi produzido por mim com informações que colhidas por mim. Todo esse material eu entreguei nas mãos das organizadoras que pouco ou nada pesquisaram nem as outras voluntárias pagas, em comparação a mim.
“A pesquisa sobre o poeta Aloísio Resende realizada por mim, tem o amparo documental (jornais), outros são consagradas pela tradição oral. Alguns autores acham que a obra literária é tudo, e que, a vida particular, a posição que o poeta ocupava na sociedade de sua época não tem influencia na produção literária. Outros, no entanto, ressaltam a influencia dos constrangimentos da vida pessoal como marca determinante no exercício da produção literária. Aloísio Resende já no fim da sua vida foi um apaixonado pela micareta e freqüentador do terreiro de candomblé de Mãe Filinha, deixando como legado uma produção literária inspirada na arte e no rito africano. São poemas que ele planejava publicar em um livro intitulado “O Ca-xi-xi”*.
Os jornais de 1930, quando desfila pela primeira vez o Bloco Bacalhau na Vara, a 1938, ressaltam a atuação de Aloísio na disputa dos clubes e na produção de marchinhas para os blocos, “As Melindrosas”, “Garotas em Folia”, “Os Duvidosos” e “Amantes do sol”. Esta produção está reunida no trabalho, “ALENCAR, Helder. 31 Anos de Micareta”. Exemplar localizado na Biblioteca do Museu Casa do Sertão. A sociedade discriminatória também tem influencia na vida do poeta”. (autora Helena Conserva” – Fonte; Jornal Folha do Norte e depoimentos orais – Feira de Santana)
“A vocação para o jornalismo despertou muito cedo, fazendo com que ele viajasse pelo Nordeste trabalhando no jornalismo em Maceió (AL), São Luiz (MA), Recife (Pe) e em Salvador e Alagoinha (BA). Aloísio encontrava-se em plena atividade criadora. Comunicativo, cheio de planos e sonhos. Vaidoso, aparência bem cuidada. Culto, empregava muito bem seu vasto vocabulário. O ano de 1923 marca a sua passagem por Recife. Na capital de Pernambuco ele Freqüentou o “Café Progresso”. Boêmio, jogava sinuca com os amigos poetas. Passeou por alguns engenhos de açúcar e namorou uma pernambucana chamada Maria das Dores. Em 1928 o poeta encontra-se na Bahia, em Salvador, trabalhando na redação do jornal “A Hora”. Reunia-se na Praça da República com amigos poetas, Eupídio Bastos, Bráulio de Almeida, Alves Ribeiro, Ângelo da Costa e Nonato Marques que também integravam o grupo de poetas chamado “Poetas da Baixinha”, que se reunia nas proximidades da baixa dos Sapateiros. Responsáveis pela publicação da Revista Samba (Jornal A Tarde Número 30650 ano 90 caderno 2). Por onde andou fez amizades e conquistou admiradores e quando ele retorna à Feira, seus amigos continuam difundindo a sua poesia e a sua persona. Falavam da genialidade de um poeta baiano da cidade de Feira de Santana e muito, de passagem por Feira, decidem conhecer o poeta de quem ouviu falar tão bem. Alguns escrevem pedindo poesias das quais, ouviu comentários. Quando então, entravam em contato com a obra ou com o autor, justificava o entusiasmo e correspondia a expectativa, “era de fato impressionante a personalidade do poeta, o vigor de sua imaginação, a ousadia de suas criação, e o apuro da forma artística dos seus versos”. Muitas cartas relatando estes encontros ou solicitando poesias, foram publicadas no Jornal Folha do Norte, Carta de Albárico Benevides, Folha do Norte, 10/ 04/1948, Elpídio Bastos carta de jornal 10/ 01/ 1948, Vicente dos Reis 1948, Manoel Machado Pedreira, (?), Primo de Almeida”. (autora Helena Conserva” – Fonte; Jornal Folha do Norte e depoimentos orais – Feira de Santana - 2000)
“Na década de 30, Aloísio retornou à Feira de Santana e trabalhar na redação do jornal Folha do Norte, que ficava ao lado do Mercado de Arte Popular. Conquistando a amizade de Arnold Silva, o proprietário que, o admirava por sua genialidade criadora. Possuidor de um notório senso crítico primava pela perfeição e não entregava à publicação sem que antes tivesse retocado infinitas vezes, refazendo estrofes ou parágrafos inteiros. Versos alexandrinos, métricas perfeitas, rimas bem elaboradas no estilo parnasiano. Seu talento sobressaltava das páginas daquele jornal e passeava pelas ruas, de boca em boca. Apesar de não ter terminado os estudos, era uma inteligência fora do comum. De contra partida, gostava de polemicas. Era satírico. Procurava erros de português nas produções para suscita debates e criticas atraindo inimizades. Aloísio passou a descuidar da sua aparência, relapso no falar de antes, burilado. Encontrava-se sempre em rodas de conversas e polemicas. Ganhou o apelido de “Zinho faula”. Era um viciado. Perambulava pelos subúrbios, corrompeu aos ideais, a linguagem, os costumes. Varava as noites nos bares, no terreiro, nos prostíbulos em farras. Madrugadas intermináveis. Escrevia poesia nas mesas dos bares e muitos, aproveitando a ocasião, roubava e publicava negando a autoria. Albérico Benevides esteve em Feira no final de 1940 e lamentou o encontro com Aloísio. “Já não era mais o mesmo, escreveu Albérico, senti que morria o embrião de um gigante. Uma força estranha, maior que ele, levava-o a fazer tudo, justamente ao contraria do que planejava”. O depoimento de Albérico Benevides encontra-se veiculadas no jornal Folha do Norte de 1948 (em três partes)”. (autora Helena Conserva” – Fonte; Jornal Folha do Norte e depoimentos orais – Feira de Santana - 2000)
“Com a saúde debilitada pela tuberculose, morreu Aloísio Resende em 12 de janeiro de 1941, às sete horas da manhã, num dia de Domingo. Seu médico foi o Dr. Honorato Bonfim. Dr. Hugo Navarro uma vez me disse que se suspeitava que ele tivesse morrido asfixiado por um acesso de tosse. O corpo foi recomendado na Igreja da Matriz e o sepultado no Cemitério Piedade às 16:30 horas. O discurso à margem do túmulo foi proferido por Manoel da Costa Ferreira, Antonio Garcia, diretor do Jornal Folha do Norte também disse algumas palavras. Vários jornais do interior da Bahia noticiaram a sua morte: O “Correio de São Felix”, “O Comerciário” de Ilhéus “, “O Correio” de Alagoinhas, “A verdade” de São Gonçalo, “O Grito” de Nazaré das Farinhas. A redação do jornal Folha do Norte recebeu muitos telegramas, cartões, carta dos seus colegas jornalistas, poetas, amigos. Seu túmulo foi visitado por muitos que de passagem por Feira davam o último adeus ao poeta. Eu também pretendi visitar o túmulo de Aloísio 100 anos depois, procuramos, eu e o coveiro, não encontramos. Encontrei na Casa de Saúde Santana, um livro de óbito e as informações estão no livro citado da UEFS”. (autora Helena Conserva” – Fonte; Jornal Folha do Norte e depoimentos orais – Feira de Santana - 2000)
Todas as informações dos meus relatos estão contidas no material pesquisado por mim que totalizarão 79 artigos em xérox dos jornais, 15 fotos e 49 entrevistas com pessoas que o conheceram.
No livro das professoras - a foto da capa foi eu que cedi – é composto por três partes: poemas, ensaios e dossiê. Essa última parte, dossiê, vai da página 124 a 157 deve-se a mim exceto as páginas 124, 148 e 157.
Durante a minha pesquisa ocorreram algumas coisas no mínimo interessantes: uma noite, ao deitar eu vi Aloísio de pé e nada falava mas, a sua presença deixava uma mensagem que eu deveria encontrar uma mulher na São Domingos, sobre a micareta, só isso e sumiu. Foi tudo que consegui absorver do sonho. Eu não estava dormindo, estava entre o sono e o estado de vigília. (a mulher da São Domingos é Isaura de Almeida Matos, eu a encontrei. Veja abaixo publicado na minha coluna no Jornal Folha do Estado, com o título: "Lembrando a Flor de Carnaval")
Certa vez, eu estava numa fila dentro do meu carro esperando a minha vez para o meu carro ser lavado no posto, e no barulho do centro da cidade e as bomba do lava carro, eu comecei a ouvir uma voz que ditava o roteiro de um texto para teatro com a vida de Aloísio Resende e então, peguei papel e caneta e iniciei a escrever o que ouvia (dentro do meu cérebro) e ali mesmo terminei bem na hora que chegou a minha vez na fila para lavar o carro.
Falei com o diretor de teatro Roberval Barreto, para dirigir aquela produção que assinei. Ele cobrou um preço meio alto. Convenci amigos a participarem atuando e Roberval deu um breve curso de teatro a eles. Foi uma loucura porque ao mesmo tempo em que eu pesquisava estava assistindo aos ensaios e produzindo a peça e correndo atrás de patrocínio, de pauta etc. Lendo meus escritos sobre Aloísio, ex que me concentro na data do seu nascimento: outubro de 1900 e nós estávamos em setembro de 2000: 100 anos iria fazer. Telefonei para a professora Ana Angélica e disse que iria comemorar 100 anos de Aloísio Resende com uma peça teatral que já estava escrita e sendo ensaiada. Ela quis recuar, mas não pode, o jeito que teve foi encampar a minha idéia e sair comigo em busca de patrocínio e assim, realizamos o evento mais lindo. E deu tudo certo muito certo, certíssimo.
Nesse ínterim a TV Subaé fazia um jornal e me chamou para fazer uma matéria. Foi o único reconhecimento que tive, pois os louros foram colhido pela UEFS, pelas professoras, pelo projeto e pelo departamento.
Mas a vida é assim desde os primórdios...sempre predadores fomos

ATENÇÃO: Direitos Autorais: Por gentileza: qualquer professor, blogueiro, estudante ou pesquisador que queiram fazer uso dos meus textos na integra ou usando suas partes, poderá fazê-lo e eu peço encarecidamente que me dê os créditos devidos.

Os direitos autorais são protegidos pela Lei nº 9.610/98, violá-los é crime (artigo 184 do Código Penal Brasileiro).



















Helena Conserva e Pombinha - irmã de criação de Aloisio Resende - Feira 200
Pombinha e sua neta


















3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. vejam nesse endereço fotos e texto da peça de teatro A vida de Aloísio Resende
    http://literaturahc.blogspot.com.br/2009/04/teatro.html

    ResponderExcluir
  3. Como faço para entrar em contato com a senhora?

    ResponderExcluir